Empatia Assertiva - Como ser um líder incisivo sem perder a humanidade

Empatia Assertiva - Como ser um líder incisivo sem perder a humanidade

Liderar pessoas não é uma tarefa fácil, fato que é bastante comentado e é origem de vários conteúdos pelo mundo a fora. Vários desses conteúdos abordam o desafio central da liderança: pessoas. As diferentes personalidades, opiniões, momentos de vida, experiências, etc, influenciam na forma como o líder gera o time, pois é preciso sempre um cuidado para que sua liderança não se torne uma tirania (ou uma liderança totalmente omissa), e que também consiga trazer resultados satisfatórios para a empresa e que sejam motivo de orgulho para o time. É justamente na forma como o líder deve tratar as pessoas que o livro Empatia assertiva: como ser um líder incisivo sem perder a humanidade se baseia. Nele, a autora Kim Scott traz diversas sugestões práticas baseadas em sua própria experiência, de como os líderes podem levar seus times ao sucesso sem que o lado humano da liderança seja deixado de lado.

O livro é baseado no conceito de empatia assertiva da própria autora onde um bom líder deve importar-se pessoalmente com os seus liderados e ao mesmo tempo, deve confronta-los diretamente. Ao longo do livro, a autora explica os comportamentos que fundamentam esse conceito, além de formas que podem ser utilizadas para identificar esses comportamentos e como evita-los. Além disso, ela traz algumas ferramentas, técnicas e dicas que podem ser utilizadas para colocar a empatia assertiva em prática, pautados sempre por experiências reais vivenciados pela própria autora ou por outras referências na area.

Para esse resumo, vou me ater apenas ao conceito de empatia assertiva pois o livro traz diversos insigts e outros conceitos bem interessantes que valeriam um resumo a parte. Quanto ao conceito central, a autora descreve quatro comportamentos comumente vistos nos líderes, mas não restrito somente à eles. Os comportamentos são os seguintes:


Quadrantes de comportamento e dimensões da empatia assertiva

Quadrantes de comportamento e dimensões da empatia assertiva - Empatia Assertiva, p. 53. Scott, Kim.

Cada quadrante da imagem acima está relacionado à alguns comportamentos (ou atitudes), dos líderes ao liderar. Descrevo abaixo, de maneira super resumida (afinal eu quero que você leia o livro =D), cada um deles:

Agressividade ofensiva

A agressividade ofensiva é sentida por quem recebe um feedback de alguém que faz uma crítica de maneira depreciativa, sem se importar em como a pessoal que recebeu essa crítica vai se sentir ao recebe-la. Cito dois exemplos presentes no livro: quando um chefe inseguro entra em modo de depreciação e passa a criticar os seus liderados em público ou quando criticamos a atitude de alguém sem se dar ao trabalho de entender os motivos daquela atitude.

Um ponto importante, que a autora faz questão de lembrar, é o de que “a agressividade ofensiva é um comportamento, não um traço de personalidade”. Ou seja, todos nós podemos cometer a agressividade ofensiva em algum momento, mas é importante entendermos em nós mesmos qual é o gatilho para esse comportamento e assim, conseguiremos evitar que isso aconteça.

Insinceridade manipuladora

A insinceridade manipuladora pode ser interpretada com falsidade, quando o comportamento das pessoas é pautado pela vontade de que todo mundo goste delas ou quando elas acham que terão alguma vantagem política quando elogiam ou criticam algo, sem que esse elogio ou crítica seja verdadeiro. Um bom exemplo é quando elogiamos o trabalho de alguém apenas para deixa-la feliz, mesmo que tenhamos consciência de que o trabalho realizado por ela não está bom. Outro exemplo é quando expressamos uma opinião sobre a atitude de alguém sem entender os motivos daquela atitude (agressividade ofensiva), e logo em seguida, pedimos desculpas pela crítica, concordando com a atitude da pessoa (ainda sem entender os motivos), mostrando que não estamos preocupados com a atitude em si nem com os motivos, mas sim com as consequências dessa crítica para nós mesmos.

Empatia nociva

A empatia nociva acontece quando nos importamos com as pessoas e com isso evitamos critica-las por estarmos “focados demais em manter a paz e a harmonia na equipe”. Além, disso, deixamos de incentivar os membros do time a criticar uns aos outros, temendo semear a discórdia e acabar criando um clima de conflito. Por crítica aqui, entenda como críticas construtivas, feedback’s com o intuito de fazer evoluir quem o recebe. Como comentado anteriormente, os pilares da empatia assertiva são importar-se pessoalmente e confronta-las diretamente. Empatia nociva é quando nos importamos pessoalmente mas não confrontamos diretamente.

Empatia assertiva

O ponto central do livro, é quando nos importamos pessoalmente com as pessoas, entendemos seus anseios, inseguranças, personalidades, etc. Além disso, conseguimos confronta-las diretamente, dando feedback’s verdadeiros e sucintos, a fim de orienta-los à atingirem seu melhor potencial. Para nos importarmos pessoalmente, é fundamental que nossa relação com os membros do time vá além do estritamente profissional e passe para uma relação mais pessoal. Problemas em casa, na família, insegurança quanto à carreira profissional e diferentes momentos de vida influenciam diretamente na postura das pessoas no trabalho. Por isso é importante que essa relação seja pessoal e mútua, você deve abrir-se pessoalmente para elas para que elas se sintam confortáveis em abrir-se pessoalmente para você. Só assim, é possível conhecer as pessoas verdadeiramente e ser assertivamente empático com elas.

Quando nos importamos pessoalmente, nossos feedback’s se tornam mais verdadeiros, pois conseguimos entender com mais clareza as atitudes das pessoas. Esse é o ponto central para confrontar as pessoas diretamente, sem rodeios, sem nos colocarmos acima das pessoas. Apenas dando um feedback claro e sem maldade. A história que a autora conta sobre a Belvedere, sua golden retriever, é bem interessante e demonstra muito bem isso (leiam o livro =D).

Conclusão

Esse livro é muito interessante. Traz diversos casos reais vivenciados pela autora, tanto em suas experiências trabalhando em grandes empresas como Apple, Twitter e Google, mas também experiências vivenciadas por ela em seu trabalho orientando líderes.

Comecei esse resumo falando que liderar pessoas não é uma tarefa fácil e de fato, não é! Lideres em geral passam por diversas dificuldades, por vezes se sentem sozinhos e sentem receio de não estar fazendo um bom trabalho. Isso é natural. O objetivo da autora com esse livro é justamente ajudar os leitores a evitar os erros que ela cometeu, tranquilizando-os e mostrando que os lideres não estão sozinhos. Mudar sua abordagem pode não ser tão complicado e que todos os lideres são seres humanos, e isso é uma vantagem. Com isso, eu acredito que a autora conseguiu atingir seu objetivo, pois o livro é enriquecedor, claro e de uma leitura leve. Então, se você não leu ainda, recomendo que leia.

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